quinta-feira, 19 de julho de 2012

Cenas do estágio # 7


Tenho a dizer que há muita gente pirada da cabeça por aí. O que elas não sabem é que até me divirto à conta disso xD

Ora bem, um senhor depois de ser atendido por mim começa a falar mal do governo usando expressões menos adequadas para o local em causa: Eu não tenho nada a ver com este governo de merda que eu sou doutro tipo de partido! Isto é tudo uma merda! E os comunistas nem posso com eles, não sei como é que dão palavra na assembleia àquele comboio de filhos de cabras! Escusado será dizer que eu comecei a rir-me, muito controlada, mas tive que me rir que eu não aguentei.

Aparecem muitos homens a pedir Cialis sem receita médica. Para quem não sabe, Cialis é um amigo do Viagra, só que com maior duração do efeito, o que o torna ainda mais desejado que o comprimido azul! Temos pena mas eu não dispenso sem receita médica e quando tentei explicar isso a um senhor, ele responde: Mas porque é que não dão?! Têm medo que uma pessoa ande aqui a (e começa a exemplificar com gestos o acto)? Eu fiquei um bocado perplexa mas enfim. É escusado explicar que há risco cardiovascular associado porque eles não querem saber. Mesmo assim, a minha função é explicar e continuarei a fazê-lo.

Há tanta gente chata chata chata. Apanhei um senhor que me demorou meia hora só porque não se decidia entre genérico ou de marca. Fez-me dizer-lhe todos os preços de todos os medicamentos daquele género que tinha na farmácia, depois pediu-me os de marca, quando estava a facturar mudou de ideias e pediu os genéricos e antes de me pagar ainda confirmou se o que estava no saco coincidia com a factura porque queria ter a certeza que não lhe tinha facturado os mais caros (depois de já me ter perguntado várias vezes isso). Estive ali eu a aturá-lo para ainda estar a duvidar de mim. Fantástico. Podia simplesmente dizer: quero o mais barato, quero o genérico X, quero o de marca mas não. Só para complicar. Há pessoas que não se tocam...

Pelo contrário, há pessoas que vão lá para ser aconselhadas sobre uma determinada situação e no fim ainda pedem desculpa pela maçada que me dão. E estas não dão maçada nenhuma! Eu até prefiro a parte do aconselhamento.

Há pessoas que ligam para a farmácia e enquanto estão ao telefone com a pessoa que atende, neste caso fui eu, estão ao mesmo tempo a falar com outra pessoa que está com elas e curiosamente estão a queixar-se da farmácia, que nunca tem aquele medicamento e não sei quê e que qualquer dia não há nada. Ora eu explico: há dezenas senão centenas de marcas de genéricos. Para o que a senhora queria, nós temos mais de 5 marcas diferentes. A farmácia não consegue ter todas e se não tem nenhum doente regular a fazer aquela marca, além de que está quase sempre esgotada, não compensa tê-la. Mas o público não entende isso.

Fui assediada ao balcão mesmo à descarada e não foi bonito. O homem assustou-me e meteu-me muito nojo. E não era cliente, era um daqueles senhores que entrega produtos. Ainda me tentou aldrabar, deu-me o mail e disse que ficava à espera que eu lhe enviasse um mail por razões profissionais. Espera sentado, minha besta.

Ainda há médicos decentes. Expliquei resumidamente a nova legislação da prescrição por DCI a um médico porque ele me pediu. Fiquei surpreendida mas contente por ele não se achar um supra-sumo da batata. E percebi que o ajudei, ele agradeceu e tudo.

2 comentários:

  1. é preciso ter muitaaaaaa paciência não é? principalmente para os mais idosos que normalmente vão para falar um bocadinho ahah

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  2. Muuuuuuita! Na população da zona onde estou, os velhinhos nem são os piores. Há velhotes muito chatos mas há pessoas adultas bem piores xD

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Tell me please :) Obrigada!
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