terça-feira, 9 de abril de 2013

Sobre este país


Sou uma pessoa que lá no fundo acredita neste país.
Defendo muito o que é português e tenho esperança que saiamos da crise.
Quando consegui emprego, ganhei um pouco mais de fé em Portugal. Porque consegui sem cunhas, sem nada para além do meu mérito.
Saber que, do meu grupo chegado de amigos da faculdade, sou a única que conseguiu emprego sem ajudas secundárias é um motivo de orgulho. Mas ser a única também me tira um bocadinho a fé no "sistema"... A maioria representa o que se passa por este país fora.
Ver amigos meus, altamente competentes, a não ser reconhecidos cá e não conseguirem emprego, serem forçados a emigrar tira-me mais um bocadinho a esperança.
Ver uma amiga a chorar compulsivamente porque não ficou na vaga que tanto queria custa-me muito. Uma vaga sobre a qual eu tinha um grande conhecimento porque foi a vaga que deixei em Dezembro. Soube quem eram os candidatos, soube do procedimento de candidatura, soube do tipo de entrevistas e sei que ela era das mais competentes. Estava muito confiante de que ela entraria, mesmo. Fez um excelente percurso mas na última entrevista calhou-lhe a pior pessoa, a pessoa que não tem jeito nenhum para fazer selecções. A pessoa que fez má cara quando ela disse que não tinha nenhum farmacêutico na família. Estas coisas dão-me a volta ao estômago!
Agora que se sabem os resultados, fico indignada. Não compreendo. Não é por ser minha amiga mas sei que ela é mais competente do que as 2 pessoas que entraram. Porque somos todos do mesmo ano da faculdade e conhecemos o trabalho e desempenho uns dos outros. Para esta vaga, o que se queria era competência e responsabilidade, mas sinceramente não foi isso que aconteceu. E o tempo vai provar isso. Assim como provou que uma das pessoas que entrou pouco depois de mim, e por critérios não habituais, não era a indicada.
Custa-me ver tantas pessoas competentes à minha volta sem emprego.
Custa-me ver todos os meus amigos a emigrar.
Qualquer dia sou a única a ficar em Portugal. Neste país que não dá valor ao que tem. E será que vale a pena?
Lá no fundo, ainda tenho uma réstia de esperança...

2 comentários:

  1. Não sabia que os antecedentes na família funcionavam como critérios de selecção para um emprego... :/ se fosse assim em todas as entrevistas estaríamos pior do que aquilo que estamos. Elitistas, enfim. :)

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